terça-feira, 14 de agosto de 2007

As Pantufas de São Tomé

A princípio tudo indicava que a Arvore ficaria onde sempre esteve, antes tinha as raizes a mostra e sobrevivia, hoje, mesmo com o canteiro, não existe mais.
Vistas laterais da nova praça de São Tomé.
As Pantufas de São Tomé
Há certas coisas que o tempo não se apaga... A memória se empenha em arquivar o que na cultura não foi capaz de perpetuar.
São Tomé, sempre foi chamado de Rua e por Rua entende-se via pública, sem mato, barro ou outro tipo de sujeira... Mas nem sempre nossa Rua foi assim...
Sabemos que porcos passeavam livres pelas ruas, cavalos acompanhados de seus carrapatos e sempre teve barro, muito barro. Quantos tombos na esquina do grupo já foram registrados pelas objetivas dos observadores de plantão.
Entretanto sempre houve um determinado carinho e respeito por parte do pessoal da roça. E o costume de lavar os pés antes de entrar na rua, foi evidente em todos os pontos de chegada. Fosse do sentido Pocrane, havia lá uma bica d'água, como que, para essa finalidade; do lado do Rio Manhuaçú, havia o córrego usado até mesmo para lavar as mãos ao voltar do cemitério; do lado do Valtim Pio, um local antes do campo, com peixinhos zigue zagueando na água clara; e do lado da Boa Sorte, sentido Tabajara, a ponte do Lysso sobre o córrego, vindo dos Cândios, com muita água formando um lavatório natural.
De quaisquer dessas entradas, o ritual era o mesmo: tirar os calçados velhos, lavar os pés, ou mesmo alguns que foram descalços para evitar o desgaste do mesmo e calçar o sapato limpinho, aquele mais novo de ir na missa, ou aquele chinelo havaiana novo, um vez que o velho, de pé de uma cor, pé de outra, ficaria escondido no mato para volta ou no bornal, onde o novo ou o mais ou menos estava antes guardado.
A principio quem iniciou este hábito foram os moradores de Alvarenga, daí o preconceito, quando se via alguém com os calçados amarrados pelos cadarços pendurados no pescoço, logo se rotulava "lá vai os alvarengueiros", mas como a moda pegou, vale dizer que eles foram os primeiros a demostrar o respeito pelas ruas, já citado. ...Respeito este tão escasso, antes pelos porcos e cavalos, hoje pelo lixo, e ainda referente às arvores centenárias, os casarões antigos, obrigados a ceder o espaço aos americanizados, a pracinha da igreja e pior de todos o esgoto que poluiu desde a água até o ar que se respira pelas ruas.
Hoje São Tomé de quase um século se orgulha de seu calçamento... que progresso!
Em plena onda de preservação, do politicamente correto, em se falando de ecologia,
observando o retorno dos canarinhos, a administração municipal derruba todas as árvores incluindo a Saboneteira central para embelezar a cidade com uma praça, um jardim.
Restando apenas uma Palmeira Imperial solitária, destoando assim da típica cidadezinha mineira que sempre tem uma árvore ao centro.
Mas como a vila se tornou distrito e ninguém deu conta disso, também não se dará conta da ausência das árvores antigas, nem mesmo do ipê roxo que timidamente floresceu e pagou caro por essa ousadia.
Agora resta aos moradores passear de pantufas, mesmo em período chuvoso, quando ninguém chega ou sai, e de calçados macios não trinca os bloquetes nem tropeça nas paredes deitadas quebrando molas.
Ah! E que disponibilizem diversos pares nas entradas de São Tomé, para os visitantes e que se instale uma torneira, já que os córregos se "esgotaram".
E... Para cuidar das pantufas ninguém melhor que o doutor.
Ass: Laci Augusto dos Reis, residente em Caratinga
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Pessoal este é meu desabafo. Aceito comentários, aqui ou via e-mail(lacidore@gmail.com)
O que vcs pensam disso tudo?
É válido pagar este preço para progredir?

4 comentários:

Rosilenelinda disse...

Olá Tudo Bom???

Sou Rosilene de Vitória (ES), sobrinha do Sebastião Pio, e adorei ver esse BLOG, quem diria Saõ Tomé na NET rsrs.
Ah eu quero fazer uma sugestão!!!
Quem plantou aquela PALMEIRA na Praça foi o meu primo Rodrigo, filho do Tio Sebastião Pio e da Tia Geni irmã da minhã mãe.
Os palavriados são muitos engraçados, dei altas risadas.

Sou neta da Dona Ana que benze as pessoas, a mãe do Jair.
Minha mãe foi nascida também no São Tomé, e hoje podemos ver
o quanto ele evoluiu.

Sempre que podemos vamos uma vez ao ano no São Tomé.

Tenha um otimo fim de semana.
Abraços!!!
Rosilene

Anônimo disse...

Muito bom, menina!
Então, a ideia de postar o blog é esta mesmo, divulgar o que há de bom
e tbem as opinioes adversas, rsrs.
Espero que tenha entendido minha revolta no texto " As Pantufas..."
e qt ao autor da Palmeira, gostei de saber. Por acaso é aquele que
fica dando cavalo de pau na moto no meio do campo?
Ou está tbem pros States, pode ser.
Na prox vez que for lá, farei uma entrevista, rs.
Espero ir lá amanhã, tomara q dê certo.
Abraço pra vc e Tudo de bom em Vitória.
Obrigado pelo contato, e assim que tiver alguma coisa legal, postarei.
Ah! Tenho sugestão pra publicar uma foto de seu Vô Pio, pois foi um
dos grandes construtores de São Tomé.
O Meu Amigo e seu primo fausto está providenciando umas fotos, aguarde!

Blog de Tabajara disse...

Infelismente os operários designados para assentar os calçamentos e gramados, são incapazes de raciocinar.

É claro que entre aqueles que projetaram as mudanças tem até engenheiros, mas, nada de raciocinio lógico.

Entre os moradores e políticos da região envolvidos no pseudo progresso, idem, zero de massa encefálica, no que se refere à preservação da natureza e da história.

Podia ter feito o jardim e calçamentos, preservando as arvores.

Uma pena.

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog.hoje estou em BH,cresci muito profissional já mas esqueci desse pedacinho de chão quero ir ai e fazer unhas entrevista meu contacto marcoslocutorfm@hotmail.com meu linkdni marcoslocutorfm...